A falta de governança corporativa causa problemas que, infelizmente, não passam despercebidos. A falta de regras, práticas e processos claros para orientar a gestão e a tomada de decisões torna o negócio vulnerável a riscos, prejudica a eficiência das operações, além de impactar em outras situações que podem comprometer a credibilidade da marca.
A governança pode ser definida pelo conjunto de regras, práticas, políticas e processos cujo objetivo é garantir a transparência, ética e responsabilidade da empresa. Esse conjunto forma um sistema, que visa alinhar os interesses entre todos os públicos envolvidos, inclusive gestores e acionistas, para gerar valor de forma sustentável.
Sendo assim, pode-se dizer que uma empresa sem governança se assemelha a uma “terra sem lei”, literalmente sem regras e diretrizes, sem uma liderança clara ou autoridade reconhecida, resultando na falta de transparência e confiança diante do negócio.
Ambientes como esse propiciam situações em que os interesses individuais se sobressaiam diante dos interesses e propósitos coletivos do negócio, podendo gerar insegurança, instabilidade e sensação constante de caos.
Impactos da falta de governança
A ausência de uma governança estruturada resulta em problemas internos, de estrutura e de crescimento da empresa, entre eles:
– Falta de comunicação e desalinhamento entre áreas;
– Sobrecarga gerada pela concentração de decisões;
– Conflitos de interesse e conflitos entre os sócios;
– Dificuldade para expandir o negócio;
– Dados não confiáveis;
– Falta de credibilidade na marca ou nos serviços prestados;
– Vulnerabilidade a riscos, inclusive a riscos de segurança;
– Práticas antiéticas e comportamentos fraudulentos como parte da rotina;
– Não-conformidade com órgãos reguladores.
Casos reais: empresas afetadas pela falta de governança
Ao longo da história muitas empresas reconhecidas mundialmente já passaram por problemas relacionados a falta de políticas e sistemas de governança estruturados.
Um dos casos mais recentes foi da Americanas, que em 2023 anunciou uma inconsistência contábil estimada em R$20 bilhões em seus balanços. Após o incidente, a empresa foi severamente penalizada, sendo até excluída do Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada e do Índice de Governança Corporativa – Novo Mercado.
A situação fez com que outras organizações refletissem a cerca de suas práticas e, consequentemente, a levassem mais a sério. Afinal, não adianta existirem políticas se estas não são acompanhadas de perto.
A Alibaba, empresa de tecnologia chinesa, também enfrentou problemas relacionados à governança. Em 2020, após investigações, constatou-se que a empresa tinha infringido regras e não teria implementado de forma adequada as políticas e processos de conformidade.
Ou seja, problemas são enfrentados pela falta de governança e também pela falta de controle e monitoramento das políticas na prática.
Diante de casos assim, percebemos que a falta de governança segue fazendo parte da realidade de empresas.
Primeiros passos para implantar a governança
Para implantar a governança corporativa em uma empresa é preciso entender seus pilares, pois serão a base para estruturar todo o programa.
Tudo começa com:
- Equidade
- Transparência
- Prestação de contas e
- Responsabilidade corporativa.
Dito isso, é preciso estabelecer formalmente um conselho de administração, avaliar a contratação de uma empresa de auditorias independente, aprimorar o relacionamento com os investidores e demais públicos de interesse e promover a ética em toda organização.
Neste último ponto, ferramentas como a cultura organizacional e um código de conduta claro e objetivo, tornam-se poderosas aliadas da governança.
Os processos essenciais ao negócio precisam passar por uma sistematização, bem como os processos de gerenciamento de riscos. Vale lembrar também que todos os processos da organização e a gestão de riscos devem estar alinhados ao planejamento estratégico da empresa.
E, por fim, contar com ferramentas tecnológicas adequadas para colocar a governança em prática e controlar seus processos e riscos, pode facilitar o mapeamento de situações adversas de forma preditiva.
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