O que você faria se tivesse que vencer uma batalha, semelhante às batalhas retratadas em filmes da idade média?
Provavelmente utilizaria todas as ferramentas tecnológicas para estudar seu oponente, inteligência artificial para aprender as melhores táticas de guerra em pouco tempo, utilizaria as redes sociais para recrutar os melhores lutadores e muitas outras opções.
Porém, todas as alternativas não seriam suficientes se você não tivesse um bom planejamento estratégico. Prova disso, foi a Batalha de Winterfell, exibida na 8ª temporada de Game of Thrones, que quase foi perdida por erros simples que poderiam ter sido evitados por um planejamento estratégico bem estruturado.
Mas, se você não sabe do que estamos falando, acompanhe o restante do artigo que vamos contextualizar e destacar os principais aprendizados que a batalha proporcionou aos gestores e empreendedores, mesmo que não estejam mais vivendo na idade média.
Contextualizando a Batalha de Winterfell
Game of Thrones é um seriado americano, exibido entre os anos de 2011 e 2019, adaptado dos livros As Crônicas de Gelo e Fogo, criado por David Benioff e D.B Weiss.
A série acompanha a luta pelo poder entre famílias nobres nos continentes de Westeros e Essos, com foco na disputa pelo Trono de Ferro. Um dos acontecimentos mais marcantes foi a Batalha de Winterfell, também conhecida como a batalha final contra o Exército dos Mortos e o Rei da Noite, que ameaçavam a existência da humanidade.

O Rei da Noite já vinha assombrando os reinos há tempos, pois cada pessoa morta por seu exército tornava-se parte dele imediatamente, garantindo recursos ilimitado e tornando seu objetivo de governar e destruir o mundo ainda mais próximo.
Lições de gestão e planejamento
Nesse momento, você deve estar se perguntando o que essa batalha baseada em fantasia pode te ensinar sobre planejamento estratégico para aplicar na realidade. Confira:
– Primeira lição: gestão de riscos
A primeira lição começa já apontando falhas no planejamento e, principalmente, na gestão de riscos. Afinal, a ameaça do exército dos mortos já existia há muitos anos, enquanto que a preparação para a batalha final começou apenas poucos meses antes de seu acontecimento.
Ter conhecimentos de riscos que possam ameaçar a existência de sua empresa e não traçar planos ou ações de resposta para o caso de se concretizarem, pode levar sua empresa ao fracasso em pouco tempo.
Um plano para a gestão de continuidade de negócio, por exemplo, contribui para respostas rápidas e reduz os impactos no negócio. No seriado, havia um monitoramento do risco através da Patrulha da Noite, mas qual seria o plano para o caso de uma invasão do exército da noite?
– Segunda lição: tenha objetivos claros
O principal objetivo da batalha era acabar com o exército dos mortos e isso só seria possível matando o Rei da Noite, pois ele que controlava e mantinha os demais soltados.

Os objetivos das empresas, por sua vez, precisam ser claros e bem estruturados. Caso contrário, as etapas seguintes apresentarão falhas e as ações não serão assertivas.
Considere a criação de objetivos SMART:
- Específico – para que seja claro e objetivo, precisa responder as perguntas “O que?”, “Por quê?”, “Quem”, “Onde?” e “Qual?”.
- Mensurável – permite quantificar o progresso e o resultado, avaliando de forma prática o quão próximo estamos de alcançar o resultado.
- Atingível – precisa ser um objetivo realista e possível de ser alcançado, levando em conta os recursos disponíveis, o tempo e a capacidade das equipes.
- Relevante – deve ter relevância para a empresa e para as equipes evolvidas, além de estar alinhados com as metas macro da organização.
- Temporal – seu prazo ou final precisa estar claro, criando um senso de urgência e proporcionando um planejamento adequado.
Considerando esses aspectos, o objetivo da Batalha de Winterfell e seus planos de ações demonstravam falta de maturidade no planejamento.
O foco estava na morte do Rei da Noite: o plano era utilizar o Corvo de Três Olhos como isca para atraí-lo. Porém, quem iria matar o alvo principal e como isso aconteceria não fica claro, tanto que o plano só foi bem-sucedido graças à Arya Stark e sua ação surpresa.
Então, antes de partir para ação, planeje com cautela, avalie todos os possíveis cenários e proponha ações de contenção para cada um deles.
– Terceira lição: utilize os recursos de forma estratégica
Um dos pontos mais criticados por estrategistas na época, foi o posicionamento dos Dothraki (guerreiros e cavaleiros nômades) na linha de frente, sem um plano de contingência em casos de falhas.

Os Dothrakis, no contexto da série, eram considerados as forças mais temidas por Westeros por possuir recursos como a força física e vasto conhecimento em combates em campo aberto. Porém, consideraram apenas seus pontos fortes e esqueceram de avaliar seus pontos fracos diante do cenário da batalha em questão.
O intuito deste posicionamento era atrasar e diminuir o exército oponente, porém, por conta da falta de táticas militares organizadas e ausência de armaduras adequadas, foram aniquilados de forma rápida.
A mesma situação pode ocorrer quando uma empresa desperdiça seus recursos mais valiosos, sejam eles humanos ou financeiros, em uma única aposta de alto risco sem um planejamento prévio.
Lembre-se que sua equipe precisa resistir após as batalhas, caso contrário, sua empresa também chega ao fim, mesmo com a vitória conquistada.
– Quarta lição: conheça seu negócio a fundo
Um bom planejamento só é possível quando conhecemos a fundo o negócio, mapeamos as forças e fraquezas, identificamos as oportunidades e os riscos e utilizamos esses aspectos a favor do negócio.
Foi o que fez o Rei da Noite ao atacar na escuridão, na qual ele já estava habituado, fazendo disso um ponto de vantagem diante de seu oponente, que se tornava vulnerável ao frio e ao escuro.
Trazendo essa situação para o mundo real, se encaixa perfeitamente em exemplos de empresas que apostam em seus pontos fortes, ou posicionamentos pelo qual já são reconhecidos pelo público, para lançar novos produtos ou serviços e ganhar uma vantagem competitiva.
Oportunidades só podem ser percebidas e exploradas quando gestores conhecem seu negócio a fundo e o entendem, conseguindo adaptar-se às mudanças e exigências do mercado no qual estão inseridos.
Não subestime o poder do Planejamento Estratégico
Apesar das falhas e até da falta de um planejamento estratégico sólido, a Batalha de Winterfell foi vencida e o Rei da Noite derrotado.
Porém, suas perdas foram inúmeras, desde recursos financeiros até vidas que poderiam ter sido poupadas. E, se analisarmos bem, a vitória foi graças à visão estratégica e perspicácia de Arya Stark que, ao analisar a situação de fora, identificou os riscos e agiu rápido.

Na vida real de empresas, não podemos confiar que uma Arya virá nos salvar em momentos delicados de nossos negócios. Até porque, contar que uma única pessoa possa ter essa visão estratégica é muito arriscado, independentemente do tamanho da empresa ou tempo no mercado.
O planejamento estratégico precisa sim ser incentivado pela alta liderança, mas sua execução no dia a dia é de responsabilidade de todos os membros da equipe.
A gestão de risco também exerce papel imprescindível para o sucesso e continuidade do negócio, bem como seu monitoramento constante e a criação de planos de ação para mitigação ou rápida resposta diante de incidentes ou ameaças.
Ela contribui, inclusive, para avaliação de cenários e soluções. Afinal, com toda tecnologia e recursos que temos atualmente não precisamos mais depender de uma única solução para problemas ou ameaças.
E, por fim, saiba onde você quer chegar e o que vai fazer para que isso aconteça, não espere o inverno chegar para agir e planejar.