
Em um ambiente onde a incerteza se tornou normal, muitas organizações enfrentam um fenômeno que antes parecia inaceitável: o caos organizacional. Este não apenas se tornou frequente, mas, paradoxalmente, parece ter se institucionalizado.
Por que isso já não é opcional? Porque a mudança constante, a aceleração digital e as crescentes expectativas dos clientes não deixam espaço para modelos de gestão rígidos ou improvisações operacionais.
A solução não passa por eliminar o caos, mas sim por governá-lo estrategicamente. É aqui que o Business Process Management (BPM) moderno entra em cena como alavanca de transformação.
A transformação digital multiplicou os pontos de contato, os fluxos de informação e as interações humanas e automatizadas. Isso gera uma complexidade sem precedentes. Muitas organizações, por não contarem com uma arquitetura de processos robusta e adaptável, caem na armadilha do descontrole: duplicidades, silos departamentais, decisões erráticas e falta de rastreabilidade operacional.
A chave não está em evitar o caos — algo inviável em um ambiente VUCA —, mas sim em estruturá-lo, domá-lo e convertê-lo em uma vantagem competitiva. O BPM moderno permite exatamente isso: estruturar o incerto sem sufocar a inovação.
BPM moderno: do controle à orquestração dinâmica
Diferentemente da visão tradicional do BPM, centrada na padronização e eficiência, a abordagem contemporânea está alinhada à agilidade empresarial. Já não se trata apenas de definir processos ótimos, mas de garantir que eles possam se adaptar a novas realidades em tempo real.
As organizações que aplicam o BPM moderno não apenas documentam seus processos: elas os modelam digitalmente, os monitoram continuamente e os otimizam por meio de inteligência artificial, mineração de processos e automação inteligente. Nesse novo paradigma, o BPM transforma-se em um sistema nervoso digital que detecta, reage e aprende.
O caos organizacional gera incerteza na tomada de decisões. O BPM moderno oferece o antídoto: visibilidade total das operações, rastreabilidade de cada ação e uma governança de processos que promove a responsabilidade transversal.
Com uma abordagem BPM bem implementada, os líderes já não tomam decisões às cegas: contam com dados contextuais, visualização de gargalos e métricas de desempenho atualizadas. Essa transparência é essencial para sobreviver em mercados onde cada decisão tem um impacto imediato.
Para transitar do caos à excelência operacional, é fundamental contar com um roteiro claro. Em 2014, desenvolvi o Modelo de Maturidade em Gestão por Processos (BPMM), que identifica sete pilares fundamentais para avaliar e melhorar a orientação por processos em uma organização:
- Estratégia: Alinhamento dos processos com a estratégia organizacional.
- Processos: Identificação, análise, modelagem, desenho e automação de processos estratégicos, chave e de apoio.
- Tecnologias: Aplicação de tecnologias BPM nas diferentes fases da gestão por processos.
- Pessoas: Conhecimento e competências em BPM, responsabilidades, comportamentos e liderança.
- Governança: Controle e administração das iniciativas de BPM e sua implementação com tecnologias BPM.
- Métodos: Adoção de metodologias formais, bem definidas e repetíveis para conduzir a disciplina de Gestão por Processos (BPM).
- Cultura: Fomento de uma cultura organizacional orientada por processos.
Esse modelo permite que as organizações diagnostiquem seu nível de maturidade em cada pilar e estabeleçam um plano de ação personalizado para avançar rumo a níveis superiores de maturidade.
Para simplificar a aplicação do BPMM, desenvolvi uma versão reduzida com 35 perguntas-chave que permitem avaliar rapidamente a maturidade de uma organização em gestão por processos.
Essa avaliação pode ser realizada de forma ágil e gratuita por meio da ferramenta Interact Flow, uma plataforma intuitiva que, além de permitir a modelagem de processos com notação BPMN 2, oferece funcionalidades para avaliação de maturidade, mapeamento da Jornada do Cliente e ferramentas de governança como SIPOC, PDCA e 5W2H.
O Interact Flow torna-se, assim, um facilitador estratégico para as organizações que buscam estruturar seu caminho rumo à maturidade em gestão por processos, proporcionando uma visão clara de seu estado atual e facilitando a definição de um roteiro eficaz.
Não há transformação sem processos
Em definitivo, o caos organizacional não é opcional, porque a mudança já não é. A pergunta não é se haverá disrupções, mas como responderemos a elas. O BPM moderno é a resposta estratégica que permite às organizações evoluir sem perder o controle, inovar sem perder o rumo e crescer sem perder a eficiência.
Porque, em um mundo de incerteza, somente as organizações que gerenciam seus processos como ativos estratégicos estão verdadeiramente preparadas para liderar a mudança.
Autor: Pedro Robledo – Especialista em BPM